0026 - Harvest Moon - Pearl Jam [2006]

A lua não transmite sons e nem sentimentos. Em noites de céu nublado, nem dá o ar de sua graça. E se for de fase quarto crescente, só metade de sua face é visível. 

Apesar de se fazer de difícil e brincar as vezes de esconde-esconde com a gente, a lua sempre exerceu um fascínio sobre o homem. Ela nos faz recordar das aulas de física, dos astronautas, da NASA. Já foi palco de disputa política entre EUA e USSR - há 40 anos os americanos foram os primeiros a pisar em solo lunar. E sua influência sobre as marés? Meu avô dizia que para pescar peixe grande, só mesmo em fase minguante. E o que dizer sobre a inspiração musical oriundas das noites de luar? Se não fosse ela, quem se lembraria de João de Pernambuco e a toada de Luar Do Sertão? Não teria Fly Me To The Moon para Frank Sinatra algum cantar. E o rock não veria o lado mais romântico de Neil Young em Harvest Moon.


Compositor talentoso e músico virtuose, Young é acima de tudo um ícone do rock mundial. É dele o famoso dístico: “Hey Hey My My, rock’n’roll will never die”. Apesar dos seus 64 anos, sua guitarra continua a produzir potentes riffs influenciando gerações e gerações de jovens. E assim como a lua, o roqueiro canadense passou por várias fases. No início de carreira, sua fase mais folk. Na década de 70, sua fase "sucesso, dinheiro, sexo, drogas e rock’n’roll". E a fase seguinte, nos anos 80 - considerada uma década perdida para Young - a falta de inspiração e o vício quase o levaram para o ostracismo musical.

Já os anos 90 apontavam para novos tempos para Neil Young. Aqueles anos foram como se o roqueiro canadense tivesse saído instantaneamente de sua fase minguante e ido direto para a cheia, radiante e com fôlego renovado. As bandas americanas de rock de garagem daquela década formaram o movimento grunge e resgataram o rock de Young em suas composições. Young havia ressurgido de seu eclipse particular para mostrar ao mundo que o rock nunca morrera no seu coração de fato. E é exatamente este o espírito de Harvest Moon, álbum lançado em 1992, que continua a guiar a fase atual de Young.

O estilo folk rock e a melodia despretensiosa de sua faixa homônima é um dos pontos altos desse disco. O lirismo de Young contido nesta canção celebra o amor que a vida nos proporciona tendo à lua como importante coadjuvante.


De igual qualidade é a cover de Harvest Moon apresentada pelo Pearl Jam durante sua turnê 2005/2006 pela América do Norte e América Latina, com passagens brasileiras por São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro e Porto Alegre

Originária do grunge, a banda do vocalista Eddie Vedder foi uma das primeiras a revisitar a obra de Neil Young. Em 1995, o roqueiro canadense compôs um álbum inteiro com 11 faixas e chamou Eddie Vedder e sua trupe para gravá-lo. Hoje, a parceria continua inabalável. Como podemos ver, Neil Young continua servindo de inspiração para o Pearl Jam, tal como a lua é para noite, para os amantes, e para a arte...


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2 Comentários
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  1. Essa música é belíssima. Aliás, o disco todo é belíssimo. Um dos meus favoritos do Neil. E a cover ficou legal também, apesar que está pra nascer alguém que bata o velho Young na interpretação dessa música.

    p.s.: belo texto Pérsio.

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  2. bem, eu, ao contrário do Alê, sou fã antiga do Pearl Jam e sei o qto a banda é fã do Neil. Belíssima as covers q eles fizeram até hj do mestre canadense! só qdo se é fã se faz tão bem feita a homenagem ;)

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