0247 - A Foggy Day (In London Town) - David Bowie e Angelo Badalamenti [1998]

Ao lado de Cole Porter e Irving Berlin, George Gershwin foi um dos grandes compositores de musicais da Broadway e de Hollywood. Com o irmão mais velho Ira Gershwin, com quem trabalhou várias vezes, compôs sucessos jazzísticos como I Loves You, Porgy, The Man I love, Embraceable You e Someone To Watch Over Me.

Sua carreira foi interrompida prematuramente, em 1937: tinha 38 anos quando morreu em decorrência de um tumor no cérebro, cujos sintomas passou a sentir alguns anos antes. Seu legado musical vai além da interpretação de nomes clássicos, como Ella Fitzgerald e Frank Sinatra. Prova disso é o álbum de compilações Red Hot + Rhapsody: The Gershwin Groove, lançado em 1998, ano que marca o centenário de nascimento do autor. Aliás, trata-se de um trabalho da Red Hot Organization, a mesma que em 1990 lançou a homenagem a Cole Porter intitulada Red Hot + Blue (saiba mais aqui).

Desse tributo, o nome que mais se destaca é o de David Bowie. O músico britânico gravou uma versão para A Foggy Day (In London Town), que contou com a colaboração de Angelo Badalamenti, compositor norte-americano conhecido pelo trabalho em trilhas sonoras de filmes de David Lynch.


A Foggy Day (In London Town) foi composta pelos irmãos Gershwin e gravada pela primeira vez em 1937, para a comédia musical Uma Donzela Em Perigo (A Damsel in Distress, dir. George Stevens). Interpretada por Fred Astaire, ela tem uma sonoridade típica dos standards da década de 1930, embora não tenha sido composta com a intenção de se tornar um grande sucesso, algo conquistado com o tempo.

Apesar da versão cantada por Fred Astaire ser mais curta e não começar pela mesma estrofe da interpretada por Bowie, é preciso ter em mente que ela faz parte da sequência musical de um filme e alguns produtores optavam por apresentar somente uma parte da música, conforme fosse conveniente para eles.

E justamente a estrofe que dispensaram Fred Astaire de cantar é a mais bela e melancólica: um sujeito solitário em Londres, caminhando sem rumo pelas ruas imersas no nevoeiro - mas, inesperadamente, esse se tornou o melhor dia de sua vida. A sorte desse homem é revelada na segunda parte. Aliás, a parceria entre Bowie e Badalamenti criou a atmosfera perfeita para a adaptação da música dos Gershwin para os dias de hoje: moderna na medida, mas conservando muito do charme da época na qual foi composta.

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1 Comentários
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  1. Gosto dos graves que saem da voz de Bowie. Ele é um excelente cantor na minha opinião - versátil. Gostei da música. Me bateu uma melancolia ao ouvi-la. Uma música nova pra mim

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